quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Periodontite: um gatilho para o Hashimoto ?

Link para o artigo original: http://www.thyroidpharmacist.com/1/post/2013/08/periodontitis-a-trigger-for-hashimotos.html

"PERIODONTITE: UM GATILHO PARA O HASHIMOTO?


A teoria do mimetismo molecular relacionado a autoimunidade sugere que células bacteriais ou outros "gatilhos" microbianos tem uma aparência similar à de células que compõem as partes do corpo humano, ou "auto-antígenos".

Quando tais bactérias estão presentes, o sistema imunológico ataca não apenas elas, mas também partes do nosso organismo que podem ter proteínas de aspecto semelhante. Um dos exemplos mais conhecidos desta teoria em ação é causado pelas bactérias responsáveis pela infecção comum da garganta (faringite estreptocócica). Em alguns casos, especialmente quando a infecção não é tratada com antibióticos em duas ou três semanas, o sistema imunológico irá começar um ataque contra a bactéria Streptococcus. Infelizmente, estas bactérias possuem componentes que se parecem com válvulas cardíacas, e, assim, o sistema imunológico, inadvertidamente, começa a atacar as válvulas do coração também.

Esta condição, conhecida como febre reumática, pode ser letal e muitas vezes requer um transplante das válculas cardíacas. O ator Arnold Schwarzenegger provavelmente é o indivíduo mais conhecido que foi afetado por essa condição e que, como consequência, precisou passar por um transplante das válvulas do coração.

PERIODONTITE:

Bactérias encontradas em nossas bocas responsáveis por causar preriodontite foram apontadas como possíveis contribuintes para o desenvolvimento de artrite reumatoide e tireoidite de Hashimoto devido ao mimetismo molecular. Estas bactérias induzem uma resposta inflamatória em nosso organismo e causam um aumentam do IL-6, um marcador inflamatório do tipo TH-1, associado a ambas as doenças autoimunes citadas acima.

A periodontite é uma inflamação que pode levar à retração das gengivas, amolecimento e eventual perda de dentes. Esta condição é comumente encontrada em pacientes com Hashimoto e pode ser agravada pelo fluor - a mesma substância acrescentada à água e às pastas de dentes para prevenir as cáries.

O mecanismo funciona da seguinte maneira:

A ingestão de alimentos açucarados e ricos em amido, chás, café e refrigerantes causa uma alteração no pH da boca -> Alguns tipos de bactérias começam a se proliferar -> As bactérias formam biofilmes para se proteger da remoção mecânica, como a que é feita através do fluxo salivar ou da escovação dos dentes -> Os biofilmes causam um acúmulo de placa bacteriana nos dentes -> As bactérias presentes nestas placas fazem com que seja disparada uma resposta autoimune do organismo, resultando na inflamação da gengiva.

Os sintomas podem incluir: sangramento das gengivas (principalmente ao escovar os dentes e passar fio dental), inchaço das gengivas, retração gengival, acúmulo de placas bacterianas, dentes moles e mal hálito.

O QUE FAZER?

Promover mudanças na dieta, criando um ambiente mais alcalino na boca, utilizar probióticos orais, fazer bochechos com óleos como o de coco e/ou de gergelim, por exemplo ("oil pulling"), utilizar aparelhos de "water picking", também conhecidos como irrigadores bucais (uma espécie de "escova" de dentes elétrica que, em vez de ter cerdas, dispara jatos de água, como você pode ver nesses exemplos: 1, 2 e 3), consumir suco de cranberry e até mesmo recorrer - com orientação de seu médico ou dentista! - a algum antibiótico apropriado podem ser opções capazes de ajudar a remover as bactérias patogênicas e reduzir a inflamação associada à periodontite que pode estar contribuindo com o Hashimoto.


Dieta

O Dr. Weston A. Price foi um dentista que estudou os efeitos da dieta sobre a dentição e descobriu que os indivíduos que tinham uma dieta "tradicional" possuíam dentes muito melhores e excelente saúde (sem doenças cardíacas, condições autoimunes ou obesidade) em comparação a indivíduos com genética similar, mas que ingeriam dietas ocidentais.

Passar de uma dieta baseada em carboidratos para uma dieta composta por alimentos não processados e não refinados e acrescentar alimentos fermentados e probióticos são atitudes que irão ajudar a rebalancear a flora bacteriana tanto da boca quanto dos intestinos -  mas saiba que este é um processo lento.



Probióticos Orais

Um pesquisador chamado Dr. Jeffrey D. Hillman foi capaz de identificar cadeias de bactérias probióticas de voluntários com dentes e gengivas saudáveis. Ele isolou tais bactérias e as colocou juntas em uma mistura probiótica chamada "ProBiora3", que pode ser encontrada em produtos como Evora-Pro e Probiotic Smile. Este tipo de mistura ajuda a desalojar as bactérias patogênicas e, segundo relatos, clarear os dentes, reduzir sangramentos gengivais, além de reduzir a inflamação e a presença de biofilmes de bactérias patogênicas. Estes probióticos podem ser encontrados na forma de saborosas pastilhas solúveis que podem ser utilizadas até duas vezes por dia, durante 30 a 90 dias.


Irrigadores bucais (water picking)

O uso de aparelhos conhecidos como irrigadores bucais ou water pick pode ajudar na remoção das bactérias patogênicas.



Alcalinizando o ambiente

Cortar doces, refrigerantes, chá e café ajuda a reduzir a acidez da boca. Além disso, escovar os dentes com bicarbonato de sódio durante uma semana (antes de começar a utilizar o bicarbonato de sódio na escovação, consulte seu dentista sobre essa possibilidade) pode ajudar a criar um ambiente alcalino na boca, tornando a sobrevivência das bactérias patogênicas mais difícil.


Bochechos com óleos (oil pulling)

O chamado oil pulling é um antigo tratamento da medicina Ayurveda que consiste em bochechar com uma colher de sopa de óleo de gergelim pela manhã, antes de qualquer outra coisa, durante 5 a 20 minutos, fazendo com que o produto circule por toda boca e entre os dentes, gengiva, língua, até que o óleo fique branco. Em teoria, este método ajuda a quebrar as "casas" das bactérias, que geralmente são feitas de microcápsulas de óleo. Embora a água não seja capaz de penetrar em tais microcápsulas, o óleo, sim, e logo se mistura com as bactérias, tornando-se branco. Após alguns minutos de bochecho, o óleo deve ser cuspido, carregando consigo as toxinas. Alguns outros óleos também são sugeridos (como o óleo de coco e até mesmo o óleo de girassol, de preferência orgânicos e prensados a frio, por exemplo. Evite óleo de canola e outros que são processados com aditivos), mas o de gergelim é o mais tradicional.


Suco de Cranberry

Foram feitas descobertas indicando que o suco de Cranberry possui propriedades antiaderentes e é capaz de dissolver as camadas que armazenam bactérias.


Antibiótico

Há antibióticos específicos utilizados para a periodontite. Curiosamente, existem relatos de algumas pessoas no sentido de terem reduzido os anticorpos Anti-TPO após o uso de determinado antibiótico destinado à tratar a doença periodontal. Consulte seu dentista e seu médico sobre essa possibilidade, caso você tenha periodontite e tireoidite de Hashimoto.








Referências: 

- Propriedades Antiaderentes do Cranberry
- Relação do flúor com doenças da gengiva
-  Patil BS, Patil S, Gururaj TR. Probable autoimmune causal relationship between periodontitis and Hashimotos thyroiditis: A systemic Review. Nigerian Journal of Clinical Practice, Jul-Sep 2011. Vol 14 (3) p253-  Vananda KL, Sesha Reddy M. Indian J Dent Res 2007. 18(2): 67-71
-  Dittman, R. Dental Hygiene. Brighton Baby Book, 201
- Probiotics for Oral Health. Diabetes Self Management Magazine. July 2013
- Westonaprice.org 

sábado, 3 de setembro de 2016

Células imunológicas e TSH


"Células imunológicas e TSH

Dicas de saúde relacionadas ao Hashimoto: células de imunidade e TSH

Olá pessoal! O post de hoje é sobre a interação entre o sistema imunológico e a tireoide.
Ao pesquisar o conteúdo dessa semana, me deparei com algo fascinante que simplesmente tenho que compartilhar com vocês.

Sabiam que o sistema imunológico modula ativamente os níveis de hormônios tireoideanos e TSH? E não indiretamente, mas diretamente.

Células imunológicas produzem TSH

Vejam só: o TSH não é produzido apenas na pituitária. Vinte anos atrás, pesquisadores descobriram que as células imunológicas, de fato, produzem TSH.
Alimente-se conscientemente. Cure seu intestino. Trate as infecções crônicas. Esse não é apenas um problema na tireoide.Onde? Na medula óssea, onde nascem as células imunes, pelas células brancas do sangue e também nos intestinos, quando exposto a vírus, ou quando exposto a toxinas bacteriais, como lipopolisacarídeos (LPS), que podem acabar na corrente sanguínea se você tiver um intestino permeável ou outros problemas de permeabilidade intestinal.

Bactérias aumentam a conversão de T4 em T3   A exposição aos LPS também aumenta a conversão de T4 em T3, acarretando em um aumento local de T3. Isso pode resultar em uma menor produção de hormônio tireoideano.Ademais, duas proteínas imunológicas, IL-18 e IL-12, que também foram apontadas como possíveis causadoras da piora de inflamações no caso do Hashimoto, também produzem TSH.  

O caso em questão 

 Eu estava trabalhando com uma pessoa outro dia que é um exemplo perfeito disso: Os exames laboratoriais dela diziam que seu TSH estava muito alto, e, ainda assim, ela estava tendo vários sintomas de hipertireoidismo (quando deveria estar com hipotireoidismo). Ansiedade, palpitações, variações de humor, ela estava ficando doida.  Uma possível explicação? O fato de ela não manter uma dieta livre de glúten e lactose. Ela consome alimentos que contém tais substâncias, isso causa uma resposta imunológica intensa em seus intestinos, talvez ela esteja exposta a vírus bovinos ou fragmentos virais, e essas células imunológicas produzem TSH. Ele parece alto por causa disso, mas ela está funcionalmente hipertireoideana porque o sistema imunológico "supercompensou". E isso funciona nos dois sentidos, um estado hipotireoidico causa um funcionamento imunológico prejudicado. Ainda há muito que não se sabe sobre isso, mas uma das teorias é de que as células imunológicas produzem uma onda local de T3 e isso causa um declínio sistêmico na produção de TRH e TSH.  Há uma teoria a esse respeito no sentido de que, em casos de infecções e inflamações induzidas pelo sistema imunológico (e doenças autoimunes consistem em um estado crônico de tais situações), o sistema imunológico "desliga" a função tireoideana e, em algum momento, "dá partida" de novo.

Comunicação fora de sintonia
 
Bem, no caso do Hashimoto, a comunicação entre o sistema endócrino e o sistema imunológico está fora de sintonia. O sistema imune pode não ser capaz de "dar partida" novamente. Ou pode não saber quando a "infecção" acabou, devido à inflamação crônica e aos ataques sofridos pelos tecidos. O antígeno é um tecido do corpo. A batalha nunca termina, entende?
Então, o sistema imunológico está constantemente fazendo com que os níveis de hormônios tireoideanos fiquem fora de sintonia como uma tentativa de manter o organismo em um estado metabólico baixo, de modo a ser capaz de se recuperar dessa infecção. Mas pode haver um estado crônico de infecção ou infecções crônicas em curso no corpo. 



"

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Tem Hashimoto? Você pode querer reconsiderar o leite...

Fonte da imagem: Blog Thiago Esser


"TEM HASHIMOTO? VOCÊ PODE QUERER RECONSIDERAR O LEITE

Muito já foi dito sobre o impacto das dietas sem glúten na autoimunidade da tireoide e eu sou uma grande defensora das dietas livres de glúten para condições autoimunes. No entanto, tenho recebido alguns e-mails de pessoas que retiraram o glúten de suas dietas, mas não notaram nenhuma melhora... 

Geralmente, se o glúten era um gatilho para a produção de anticorpos anti-tireoideanos, você deveria notar uma queda significante da quantidade deles, se não uma completa eliminação, em cerca de 3 meses. Se isso não aconteceu, você precisa cavar mais fundo...

Algumas pessoas com Hashimoto podem apresentar uma intolerância similar à doença celíaca a proteínas do leite (whey e/ou caseína), proteínas dos ovos (ovoalbuminas) ou proteínas da soja. Muitos desses casos não são diagnosticados, e conforme as pessoas continuam a ingerir esses alimentos, vão causando danos a seus intestinos e privando-se de nutrientes vitais. Pode soar surpreendente, mas mesmo pessoas que estão acima do peso podem estar completamente mal nutridas e carentes de nutrientes devido aos alimentos que consomem.

Intolerâncias alimentares são diferentes de alergias alimentares...  

As alergias alimentares são mediadas pelo IgE (ou Imunoglobulina E, um tipo de anticorpo do nosso sistema imunológico), tem efeito imediato e são comumente chamadas de "Alergia Verdadeira" pelos profissionais da saúde. Porém, essa terminologia é inadequada e sugere que apenas existem alergias relacionadas ao IgE, e que reações mediadas por outras partes do sistema imunológico são inexistentes.

Eu verifiquei minhas anotações sobre imunologia e adivinha só: Existem pelo menos outros dois componentes do sistema imunológico que reagem a alimentos... Os ramos IgA e IgG. 

Na falta de uma terminologia melhor, as hipersensibilidades relacionadas ao IgA e IgG foram classificadas como "intolerância alimentar" ou "sensibilidade alimentar", mas há diferenças tanto em seus mecanismos quanto em sua propensão a causar dano ao organismo.

Reações alimentares relacionadas ao IgA (similares à doença celíaca)

As intolerâncias alimentares relacionadas ao IgA são mais severas e ocorrem basicamente nos intestinos. Consistem em uma resposta intestinal anormal a certas comidas em indivíduos geneticamente predispostos. As intolerâncias podem se manifestar tanto na infância quanto mais tarde.

Intolerâncias relacionadas ao IgA resultam na inflamação do trato intestinal cada vez que determinado alimento é consumido. Isso resulta em danos aos intestinos, com uma eventual incapacidade de absorver nutrientes, e pode aumentar o risco de doenças autoimunes, câncer, bem como acelerar o processo de envelhecimento através de uma permeabilidade intestinal aumentada.

Esse tipo de intolerância pode ser assintomática ou apresentar os seguintes sintomas: diarreia, fezes amolecidas, constipação, refluxo ácido, má absorção de nutrientes e aumento da permeabilidade intestinal. Também podem causar Síndrome do Intestino Irritável, gases, erupções na pele (incluindo eczema), acne, problemas respiratórios como asma, congestão nasal, dores de cabeça, irritabilidade e deficiências de vitaminas e minerais.

A intolerância relacionada ao IgA mais conhecida é a chamada doença celíaca, que consiste em uma intolerância ao glúten (proteína encontrada no trigo). Contudo, intolerâncias do mesmo tipo (IgA) a proteínas presentes em laticínios, ovos e soja também são muito comuns em portadores de Hashimoto. Tais intolerâncias frequentemente são confundidas com outras síndromes de absorção alimentares menos severas. Por exemplo: Quando comentei com minha instruída amiga farmacêutica que eu tinha intolerância a laticínios, ela disse "Oh, eu também sou intolerante a lactose. Você não pode simplesmente tomar um Lactaid®

De fato, a intolerância a lactose e a intolerância a proteínas do leite são duas coisas completamente diferentes. A lactose é um açúcar do leite, e a habilidade de digeri-lo depende de a pessoa possuir uma enzima chamada "lactase" ou uma bactéria intestinal capaz de digerir leite e açúcar. A intolerância a lactose pode causar inchaço, diarreia, etc, mas não causa inflamação ou dano ao tecido intestinal. 

Uma descrição mais acurada de uma reação alimentar relacionada ao IgA pode ser "Reação Intestinal Inflamatória Autoimune Mediada por Proteína" [em inglês: Protein-Mediated Autoimmune Intestinal Inflamatory Reaction (PAIR)].

Laticínios foram um grande problema para mim! Você pode ler a história aqui (em inglês).

Resumindo, se você tem Hashimoto e não está melhorando com uma dieta livre de glúten, é necessário cavar mais fundo e considerar outras proteínas que possam estar impedindo a capacidade de regeneração do seu organismo.

NOTA: Estas declarações não foram avaliadas pela FDA (Food and Drug Administration) e não têm a intenção de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença."